quinta-feira, 28 de abril de 2011
Chá de flores e amores
quarta-feira, 27 de abril de 2011
De viagem
Sentam-se e sentem-se.
Inspiram e suspiram.
Está sol e o vento forte e frio e levanta saias e arrebata chapéus.
É época de românticos e sente-se um cheiro doce no ar a ideais franceses.
Da esplanada, assistimos aos rituais que permanecerão no tempo a que voltaremos de regresso ao futuro.
Todos se cumprimentam com um aceno ou inclinar de peito honrado e fingidamente humilde.
Elegantes, vestem-se azul escuro e usam sapatos afilados pretos.
Montras exibem senhoras redondas agora reflectidas esguias e altas, como espelhos mentirosos das feiras que inundaram em tempos a cidade.
Agora é tudo fino e falacioso.
O presente ostenta-se melancólico e cheio de ânsias, sexuais e outras.
O futuro aspira-se numa mistura de teorias que poucos entendem.
O passado todos esqueceram mas dizem que não, que o temem como bolorento que é!
E nós, de viagem por este tempo, sem tão pouco moderarmos as nossas realidades presentes, passadas ou futuras(?).
Antes o sonho.
sábado, 23 de abril de 2011
domingo, 10 de abril de 2011
Amor de monção
Soprava um vento morno quando tu prometeste que me chamavas na volta de um dia em que o tempo fosse fora de estação. Vivia-se então a era da música cheia de emoção.
Naquela paz que habita as paisagens do deserto de tanta areia como de devoção, fui jovem e ingénua e velha e sábia do teu lado. Não houve momento em que não me perdesse, prendesse e aprendesse. No meu tom canto agora, ao teu ritmo tocas por certo e por perto, como antes de a nossa música ter ao céu chegado e nele entrado. Ficámos então ditos livres, mas despidos um do outro.
E veio o choro então calado, agora em vidas que renascemos. Sorrio a que voltes em dia de monção digna de menção, e nesse me reconheças. Chova alegria nos campos, cresçam flores na palma da minha mão. Depois dessa tempestade desigual, desperte o sol que te brilhou pela primeira vez.
Foram horas e minutos em que não senti solidão, apenas restos de cansaço à espera da aurora. Estendi a mão ao destino, que sempre me pareceu antigo, e levantei a minha oração. Que saudade de receber uma vida de benção. Venham as noites que novos dias darão. Haja chuva ou vento de verão, cedo ou tarde dançaremos.
sábado, 26 de março de 2011
Estado de Alma
domingo, 20 de março de 2011
Rima fácil não é canção, não é dizer, é deixar-me ser
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Deixa-te voar
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Erva daninha ou o drama indomesticável
Tantas vezes lhe disse com um olhar que não está para perder tempo com indecisões, meias palavras, falhas de engrenagem e silêncios prolongados, a essência da falta de interesse. Com fantasias egóicas que parecem revelações ou o que é, que não são mais que pequenas emoções amenas, insonsas, de quem vive encapuçado até à ponta de cabelos eriçados de tanto medo do compromisso, e de largar o que se prende por pura autosimpatia e narcisismo! Qual compromisso! Se tudo o que ela queria era a cristalina abertura às possibilidades; a viagem... e não o destino.
Já foi alguém que dançou na espera de um pouco de romance... Agora apaga o rádio da ficha e descansa no silêncio. Segue-se o enterro, mas ela não comparece. Morre um sonho e crescem flores no seu jardim.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Uma canção melhor
Sente bem a hipótese de um futuro melhor vislumbrar na sua intuição.
sábado, 15 de janeiro de 2011
Três estranhos na marginal
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Last night's dream
I've come to track
And I'm finally back
And when our band started to play
The orchestra's chest order was on our time
Order to set us free
Running horses wild
That age we were queens
Fighting evil of all kinds
I know it was a dream
But now I recall those days
Playing with manners
Just toys
But we made them flags
For honor and good
White dresses and standing stairs
Temples and promisses
Of loyalties
Back there we were royalties
sábado, 16 de outubro de 2010
Noite perdida
Soubesses tu, noite perdida, noite escura e fria…
Ontem sonhei que dormias a meu lado.
Levada ao colo, deixei-me cair nos teus braços.
Em abraços nus que ao longo dos dias se repetiam.
Adormeci e o que eu perdi sem ver as luzes que o dia reflectiam.
E nessa noite, entre tantas outras…
Corpos enlaçados em constelações de pessoas a dançarem.
A vida fugidia guardada na minha mão.
O amor que se consome antes dos dias nascerem.
Noites a fio que não passaram de uma ilusão.
Se tu nasces eu adormeço sem abraços.
Fingisse eu não ser tua, fugisse de ti pela rua!
Era tudo igual.
Noite perdida pelas escolhas que se fazem.
E eu que só queria sentir os teus braços…
Noite perdida, noite escura e fria, se tu nasces eu morro.
Eu quero ver o sol raiar!
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Janela aberta
Abriu-se de par em par
Faça-se dela porta
E jardim com estrelas a brilhar
Aquela tímida janela
E o espelho em frente
São vista para a imensidão do teu olhar
São beijos arrancados
Na promessa de haver sempre
Uma porta aberta
Para aquela estrada
Para aquele lugar
Janela tímida, janela aberta
Deixa-me por ti olhar
Deixa-me entrar
Abrir aquela porta
Andar nesta vida contigo de mão dada
Deixa-me entrar
Deixa que te assome e transforme
Abra-se essa porta
Para veres o sol brilhar
Que a tua vida se mostre
Nesta e naquela nota
E aquela porta
Se abra de par em par
Deixa que te assome e transforme
Abra-se a tua porta
Comigo por teu par
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
O Quadro

Eu balanço no regaço do meu sonhar e me baloiças ao colo, anunciando a criança querida, enfim nascida, descendência das estrelas, que outrora fomos e que ainda guardamos no coração. Demonstras ramo de flores variadas e perfumadas como as cores e os humores da nossa humana condição e que são prova arrancada da nossa paixão. E tu olhas com respeito o céu, homenageando-o, buscando sua aprovação. Um barco de papel que flutua no mar em que me banho vestida de puro branco é carta de amor já lida e percorrida como a letra de uma canção, o cunho da promessa partilhada ao longo das horas. Talvez apenas a ilusão de que me pertence essa carta… E escondido nas flores, o espírito protege o observador e o amor da desilusão, guardião da mudança de estação, poeta de meu coração. Como lugar sagrado o sol num prado paradisíaco de mil sabores e mais as cores das flores. E flores, outras, sobem em coroa ao céu nas mãos devotas de quem acredita que da alma há sempre mais para viver, mesmo que sem se ver. Asas de anjo dão alento ao meu triste olhar que se perdia em dores por quem perdi, até que chegasses para me fazer compreender, finalmente, que o amor vem mais uma vez. És quadro inacabado, sinal de aviso prudente que a vida somos nós quem a pinta. E, lá ao cimo, talvez não tão próximos, os montes adensam-se alegres e fantásticos em êxtase, por ter finalmente chegado a hora dos corações.
domingo, 5 de setembro de 2010
Frutos do Amor
Tiver eu a graça, a graça da vida em mim, oferecida em dupla e una consciência, e jamais, como outrora noutras, às tantas da noite incauta de ímpeto, calor e suor, para nem falar do Sem Amor… Que o desejo enganou, trocando a palavra liberdade por irresponsabilidade. A mim. Em sobressalto e, posto isto, que faço eu que logo me enlaço com fervor por duas dúzias de olhares profundos e a promessa de, talvez, uma dada carta por abrir vier, chegada do outro lado do mar!? Tiver eu a sorte de te encontrar, e não te engano, sorte a tua se ainda me encontrares sem marcas de um longo desencontro e vã desilusão, num encontrão, solavanco arrancado ao granizo da vida, puxão de orelhas à impura intenção que não se leu naquele olhar, nem num outro, mas que, agora reparo, veio rondando-me desprevenida na minha inocência já ténue nos lençóis depois frescos. Sorte a nossa, meu amor! – se eu conseguir seguir estas linhas e lhes dar um bom destino, romance digno de um fim por imaginar… Ó – Ou serei, de facto, Cassandra? – Certamente possuída e punida pelo homem que me amou quando eu só amava outro. Só amo o impossível, meu amor, amo-te, inexistente, na profecia de que, onde quer que estejas, me lês e me voltas a escrever.
Vão-se as gaivotas. Vão-se os gaviões. O meu grito é tempestade em terra de água doce e ossos entregues a cães raivosos de agiotas que trocam palavras por afectos sentidos por desmentidos! Estou nas mãos de um povo ébrio que só se agita quando o sono(!) comanda a vida! Ó-toi-toi-toi! Barcaças e carcaças bóiam no mar e tudo isto vejo sem, contudo, ver. Ai de mim! Filha e mãe do Sem Amor! Vem tu buscar-me se já viste o amor passar ao redor, se já o conheces, que eu vou morrendo às partes, roídos os meus ossos e já ida a minha carne, ardida numa sentença que não é destes tempos, sequer!
Tenha eu a graça de despertar deste sonho mau que não é o meu. Puseram-me aqui de castigo, a penar por alguma alma que encontrou morada em mim, inventada num qualquer concílio de deuses imperfeitos; de deuses humanos, pois só vi humanos incutindo tal dor a um seu igual! Barbárie!!!
Não sou eu personagem trágica? Ah! Não sou mais vítima que culpada?
Perdi-te Filho do Sem Amor, mas meu filho, como te amei…!
Nem teu Pai, nem teu Filho… mas a mim, a mim conheceste o encanto e a dor, e pela última te peço perdão… do fundo deste coração partido, quebrado, prostrado por uma dor ainda maior, a de não te ter…
Que, se algo posso ainda pedir e desejar(-te), venhas justo e verdadeiro, ó amor, que eu posso esperar-te, mas apressa-te, senhor, que o tempo corre para os Filhos e futuros Pais do Amor.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Talvez pratique. Pratico. Não mais meditei do que cinco minutos na minha vida inteira. Por falta de técnica. Também não digo que tenha mais técnica quando se trata de escrever. Mas pratico. Concentro-me no som dos meus dedos nas teclas qual respirar. Correm palavras como imagens num sonho. Uma verborreia mental esclarecida, materializada. Observo, entre absorvida e distante, o rápido fluxo de energia que escorre pela minha mente e deixo o pensamento concreto esvair-se, ir-se, até ficar apenas o sabor agridoce da imaginação sem barreiras nem parâmetros, o vazio, e é aí que se insurge o impulso criador, a vontade de escrevinhar, de trocar o silêncio pelo escrito, breves palavras apenas para quem as lê que se impregnam de opinares e sentires mais ou menos poderosos. Dou de caras com o caos. Serei mesmo eu quem dita o que escrevo? Sou estátua viva erguida ao "Pensador" ou vácuo aberto para a leitura da vida; tanto faz, dicotomias democráticas sem voto a aguardar. Sacudo o pó, as cinzas do conteúdo que ardeu na ponta deste cigarro com a sede de profundidade a mandá-lo pastar para tentar chegar onde a palavra é absoluta! Mas para isso estão cá os textos religiosos, não as minhas pequenas e insonsas e apalavradas filosofias! Decididamente, a mente que escreve não é mais minha; não me reconheço. Despertou já o fuso reflexivo de quem procura mais dentro. Corro suavemente as cortinas brancas, véus de mistério, petit noms para grandes verdades, mas dou de caras com um clarão. Deslendo o caminho tantas e tantas vezes percorrido mas só que, desta vez, entro num espaço ao qual ainda não dei nome por só agora ter aqui acabado de chegar. Não por negligência perante o que leio mas porque esta descoberta já não me deixa pensar em mais nada além da imagem que fica por identificar. Não tenho outro remédio senão esforçar a miopia para enxergar o que está para além desta luz, mas esta não se deixa corromper por óculos, chapéus, protectores solares, palas de burro... Nada. Fica apenas uma certeza: aprendi a meditar.
terça-feira, 20 de julho de 2010
O Anti-Homem
Caminhando sem apreciar a beleza à sua volta, repara apenas nisso. Vai tão preso aos pensamentos e ao peso que carrega no peito, às pedras que leva para quando chegar à montanha construir uma muralha para se proteger da dor, que nem vê que o sol tardio incendeia o céu em notas púrpura e cor de fruto, deixando a lua e as estrelas vizinhas espreitarem ainda timidamente – Quando ergui esta demanda tinha como sonho encontrar-me, mas as árvores no seu lugar olham para a minha ingenuidade de caminhante errante – Porque não te sentas à minha beira e gozas a vista e a sombra que te ofereço? Porque persistes em caminhar de olhos fechados rumo à solidão? Porque aceitas os convites da tua mente nessa tua luta pela aprendizagem em vez de ficares em paz e pronto? – Ó árvore! Tu não entendes… Eu fui feito para sentir dor e os outros não me querem lá em baixo… não têm tempo a perder na busca da felicidade. E só eu sei que não a vou encontrar, nunca a vi, eu só tenho o sal para limpar e as pedras para erguer. - Caminha para o topo e deixa a árvore à conversa com o vento e pássaros. Alguns destes seguem-nos brincando à sua volta mas ele enxota-os para ficar às voltas com o seu turbilhão e grita-lhes - Vou até ao topo da montanha para me perder de vez e quando lá chegar tornar-me-ei invisível qual vento que nem poeira levanta. Sou tão só como o extremo daquela montanha onde espero encontrar-me e fico em paz. Não se me perca ou me encontre; só sei que vou só. Já me cansei de tentar ser como os outros. Tenho um estar, um mau estar que apenas me permite o silêncio, por isso, pássaros, vão ser felizes para outro lado e não se atrevam a construir ninhos nas entrelinhas da minha muralha. Vou erguer uma redoma e ficar quieto até a morte me vir chamar e há muito que a espero! – Diz de punhos cerrados e a olhar para o céu. – Não acredito em Deus. Deus é Judas! Traiu-me. E eu vou para lá onde Judas perdeu as botas e que ninguém se atreva a vir falar comigo! – E seguiu determinado e de olhos no caminho de pedras. Apanhou mais algumas e desejou cair pela encosta abaixo dado o peso destas. Mas não! Subiu e subiu. E subiu. Chegado ao topo, nem se deu ao luxo de olhar em volta. Começou a tirar cada pedra, uma a uma, devagar, do saco e a observá-las para ver que sítio do seu projecto podiam preencher. Grande empreendimento… Logo se pôs a coleccionar mais pedras, verdadeiros calhaus afiados, redondos, grandes, achatados. Não comeu. – Ah. Finalmente sozinho. – Não mais sozinho que antes, embora. Logo fez de acordo com a sua demanda, apressada mas cautelosamente, pois, apesar de tudo, não queria morrer prematuramente; queria viver a sua até ao fim, até ao fim! E não queria ser salvo. Mas o que teria acontecido ao homem que queria viver num purgatório infernal em vida!?! Ao homem não tinha acontecido nada. Nada. Nada! O homem nunca experimentara o amor. Esse complexo mistério que alimenta as vísceras(!) de um ser. Mas a ele não. O amor, esse elixir de vida, nunca o tinha abençoado, passou-lhe à frente mas ele nunca o viu com olhos de ver, sem querer olhou sempre para o lado. À sua frente tinha agora a missão de se purgar da humanidade, de se lavar dos perfumes e costumes. Ah! Mas a vida tem tantas voltas que acabou por deixar a sua casa sem tecto, sem saber o que esperava, talvez uma chuva ou um nevão para o agonizar mais um algo. E na segunda noite, uma forte e espantosa luz veio buscá-lo para o juntar à alma unitária de todas as vidas e paralelismos possíveis e imaginários. Não teve remédio que se deixar puxar pelo pescoço. Pensava que morria, mas acabara de nascer.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
À noite
Tudo a postos? As luzes já piscam antes da chegada dos convidados, a música, claro, a música espera-os para despertar numa bateria forte, forte e ritmada como o som dos tambores e dos terramotos e dos vulcões. Mas estes terramotos e vulcões ninguém teme. E eles chegam. Chegam aos grupos de três, sete, dez, às vezes mais, e vêm preparados, expectantes para a grande noite. A pista abre com a chegada do dj numa grande entrada triunfal de profusão de instrumentos e respiração profunda e inspirada. Os copos começam lentamente a baloiçar ao estilo da dança e os corpos movem-se descontraídos mas compenetrados na pressurização que a música lhes permite. Os ventres das mulheres revibram com a batida e os homens começam a despertar para os seus movimentos sensuais e rostos alterados em sorrisos entre o à vontade e o secreto de quem ouve a música à sua maneira. Os grupos dispersam-se e unem-se outra vez, vezes sem conta, e os bares estão cheios. Mesmo quem não bebe dança como se não houvesse amanhã. E será que há? Talvez não para todos. Mas hoje é dia de festa! E isso, sim, interessa. Mais um copo! Mais um brinde! E o calor aumenta, o som sobe e a dança torna-se una. Todos dançam ao mesmo ritmo, em estilos diferentes. Parece um ritual primitivo, talvez de acasalamento. Casais tocam-se e trocam olhares que cantam. E uma quebra no som permite respirar, novo mix, uma passagem, nova música e mais uma dança. Os corpos aguentam até o dj aguentar e, no fim, pedem sempre, sempre “Só mais uma!”. Se tudo correr bem, daqui a três quinze dias, volta a festa. E todos irão voltar.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
No fim da noite, ao amanhecer
Dispo-me. Largo o casaco de pêlo falso, só uso pêlo falso, no cabide de pé pintado em marmoreado de amarelo e cinza. Dispo o vestido justo e curto e deixo-o cair. Tiro os sapatos e os collants. Solto o colar de pedras e os ponho os pendentes de lado. A roupa interior vai parar ao chão. As jóias vão para a malinha de viagem antiga e os sapatos para o armário. É Fevereiro e o chão de pedra está gelado. Caminho sobre a ponta do dedo grande e o calcanhar, numa posição bizarra para evitar que a alma do pé fique fria, tão fria como o gelo picado de uma caipirinha. Visito apressadamente a cozinha e ligo o esquentador. De volta à casa-de-banho, ligo a água quente. Espero que esteja a ferver e entro. Passo a água quente pelos pés, pernas, barriga, peito, ombros e subo até à cabeça. Deixo a água escorrer quente dos cabelos ao corpo. Sinto a reacção da pele à água e começo a soltar-me lentamente desta noite à medida que o meu corpo aquece. Revivo as imagens amorosas da tua existência. Os teus sorrisos tímidos o teu olhar directamente no meu, visitando os recantos mais profundos e preciosos do meu ser…Desligo a água por segundos para passar o champô pelo cabelo mas está tanto frio que volto a abrir a torneira. Coloco o chuveiro junto ao peito e debaixo do braço direito e sinto o calor do teu beijo na minha cara, a tua pele lisa, suave e fresca a passar pelo meu rosto num aconchegar doce e terno. Recordo a sensualidade dos meus movimentos e o teu mordiscar de lábios discreto mirando as minhas ancas, as minhas ancas de parideira às quais tiras medidas. Sim, o meu corpo foi preparado para a maternidade, para ser mãe dos teus filhos. Conheço-te há mais tempo que a minha maturidade. Lembro-me de te olhar de lado, perguntando quem é este homem…? Sim eras tu o elegante homem que mexia comigo mas a quem não me atrevia a chegar perto. Agora é inevitável. Fazes parte dos meus sonhos, és amor, luz e paixão e eu sou a mulher que te ama e tu amas isso.
domingo, 4 de julho de 2010
Aniões, Catiões, Neutrões, Protões
Sou assim, um ser que habita em cinco dimensões.
Um ser de luz em mim que vive há milhões.
Nasci assim, para alimentar os outros corações.
Como a força dos trovões.
Vivo assim, da escolha que fiz para esta vida e nas vidas já do tempo de Camões.
Tão frágil e invencível, uma roseira brava e seus botões.
Plantada pelas mãos de um sábio e seus dez anões.
Para ser amada por quem compreende o meu perfume e me lê nos meus jargões.