domingo, 11 de abril de 2010

My prince´s promisse

When I was little I used to read little girl´s stories and therefore I met a strong prince who climbed a tower just to see his lover and a determined prince who pursued a whole kingdom to give something back to a girl with whom he just had danced. I also met a romantic prince who kissed a dead girl just to mean he loved her beauty and I met another prince who’s pure heart conquered love above appearance. When I was young I read “Le Petit Prince” and I discovered a wise prince child boy and I wished to meet him to become his mother. Now I’m a bit older but I still wish to find a strong, determined, romantic, pure hearted prince to have a wise child ;)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Os pombos de Lisboa

“Perru-peruuuu”. Caminham eles em passos desajeitados de quem chama pelo peru e de quem, sobretudo, não sabe caminhar nem falar com a elegância do paavão-paaavão. Estropiados, alguns demonstram em vez de patas com três garras, quatro, coutos e deformações congénitas que dão direito a subsídio de alimentação por parte dos moradores que querem à força cuidar compaixonadamente daquela multidão como se ainda crianças de parque fossem. Existe, no entanto, o consenso de que se trata de uma infestação – Uma praga! – afirma uma. – Que noooojo. – desdenha outra. Vozes de protesto que ao Estado parecem não chegar… “Eles” lá lhes dão contraceptivos como, nos dias 28 e 30 de Abril de 2010, a malta contra a sida irá dar na cara do Papa àqueles que não concordam com a interdição da Igreja Católica Apostólica Romana ao uso do preservativo mas que a seguem. Antes a sida, querem ver… Mas os pombos pouco querem saber disso! Eles populam todo o ano e dão à cidade novas vagas de familiares que nem se deixam apanhar na mão de uma criança, de tão baptizados e (ex)comungados que estão pelo nosso pequeno ódio de estimação. Deixando-se ficar na rua até ao último milímetro que os separa do carro que vai a passar para se esvoaçarem para os lados ou mesmo para debaixo de uma roda… eles bicam em pontas de cigarro à falta de melhor, apresentam piolhos e outras doenças que eu não sei quais são, mas que toda a gente afirma terem, e sobretudo rondam as mesas das esplanadas, não hesitando em lhes saltar para cima caso hajam restos ou pré-restos, do que quer que seja e de quem quer que sejam. Mas que instinto de sobrevivência têm!!! Não admira que os doadores de migalhas os aceitem na sua força de viver. Cá eu, só tenho umas coisinhas a apontar… Pombo: sai da frente do meu carro, não me cagues em cima, desampara a loja do meu almoço, não comas beatas que ainda morres de cancro do pulmão e, já agora, não oiças a Igreja, usa preservativo.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Sozinhez

No silêncio ouve passos… Batidas compassadas secas e crispadas pelo atrito no alcatrão. Pelas frestas dos blocos de pedra das paredes frias, invade o ar gelado da noite e o piar da coruja vizinha. Ela está sentada em frente à salamandra e ao candeeiro a gás pousado numa mesinha baixa de madeira escura e com pé de galo para afastar os maus agoiros. A poltrona ruça de sangue de boi esvaecido aconchega-se-lhe ao corpo já moldada pela preferência, e a manta nova já cheira à sua colónia de sempre. Descasca feijões verdes, para amanhã fazer a sopa do almoço, com a perícia de uma artesã de bilros, segurando a fiada por baixo ao comprido com a mão direita e segurança, lascando de uma só vez as lascas que são para sair com a mão esquerda. Corta as pontinhas de ambos os lados. Faz uma pausa para ajeitar os óculos da ponta do nariz para mais perto dos olhos e pousa o balde com os feijões prontos e os por descascar e limpa as mãos ao pano que tem no colo para se levantar e ligar o rádio lacado em madeira clara brilhante. Sintoniza a frequência 92.9fm, a rádio local de música da sua terra. Dezenas de vozes femininas esganiçadas cantam e batem com o pé formando o tom mais baixo da melodia. Homens entram à vez, um a um, e respondem ao choradinho das mulheres sobre os dias chuvosos intermináveis que estragam as colheitas para Setembro, com palavras entre um misto de marcha inspirada nos ideais comunistas de machos unidos para vencer, e de conforto protector. Ela sorri…Recorda os seus tempos de moça… De dançar ao som desta mesma música e de correr arrastada pelo namorico quase noivo para mesmo à frente do palanque dos músicos. Sente-se a sozinhez dela nas fotografias de meninos e meninas a preto-e-branco, corados nas maçãs do rosto e nos sapatos, parados em tímida pose, e nas flores secas nas três jarras de loiça frágil florida, e na cabeça de javali embalsamada e pendurada na pedra que a envolve em quatro paredes cubiculares e cruas… Ela lá sabe o que faz ali aquele javali, ou porque deixa as flores mortes já sem perfume no mesmo lugar, ou porque descasca o feijão sempre ao mesmo ritmo e modo. Ela lá sabe por que caminhos empreendeu para perder aquele quase noivo e se casar com um outro noivo mais velho que ela vinte anos e que a deixou na sua sozinhez de agora. É que ela sabe que foi ele que caçou o javali no dia em que se cumpriu um ano de casamento. Ele a amara e protegera como os homens das canções às mulheres em dó menor que dão na rádio que ouve sempre que liga a estereofonia velha, do tempo dele, que já partiu há outros vinte. Maria é seu nome. Viúva, seu estado. Sozinhito, o seu lugar na terra.