Há dias sem sal.
Há dias sem sol.
Há dias de seca e outros em que chove água, gelo, pedra, pau.
Há dias que quisemos mais e outros que nem vê-los, sobre debaixo de uma almofada.
Há dias demais e dias a menos.
Há dias que nos fazem falta para sermos o que queremos ser um dia.
Há dias que nunca mais acabam e muitos outros que não puderam ser acabados, arte-finalizados.
Há dias e dias e dias que não como uma só colher de calor.
Há dias e mais dias, todos eles iguais de 24 horas, todos eles diferentes em cada 86164.09 segundos.
Mas quem foi que decidiu que a vida se mede em dias, em horas, e minutos e que tais!?! E o esforço do meu dia em papel listado a prata e ouro???
Porque não em risos, em páginas, em lençóis frescos dobrados, em aplausos, em nuvens de algodão, em degraus de uma escada para a evolução?
Ele há dias… Existem tantos dias que virou apelido.
Há dias assim, assim e dias sim! sim! sim!
E tu, o que me dizes a mim?
Dia não, dia sim, apontas às pontas dos sapatos um “que dia...!”?
Ou no dia de hoje tiveste já a revelação e é desta vais viver o resto dos teus dias como se não houvesse outro dia?
Dia após dia, nos dias que correm, há homens que se fazem ao coração e à vida como se o dia fosse uma oração, em nome da evolução. E para eles o tempo é sempre certo, é justo, pois eles abraçam a dor com a mesma alegria com que a última os abraça a eles.
Mas e para quando esse novo dia...? Alguém tem horas?
Quando nasce o novo dia se não há sol?
Em que pulso usas relógio?
Eu não uso, faz-me alergia… Sou alérgica a ter de dormir até chegar o amanhã.
E eles dizem que o hoje é que interessa.
Se eu pensasse assim, saía de casa para a rua, metia-me num avião e não voltava, e largava tudo e depois? E depois… E depois!?! Então e o ontem???
É que ontem fiz planos para amanhã!
É que aqueles que dizem que esperar é uma virtude haveriam de começar uma discussão com os outros, os carpe diemescos… que até o ontem se metia! Eu concordo com os dois mas sou mais a favor dos dias com 30 horas e os fins-de-semana com três dias. E as luas e os sóis que esperem por nós como nós esperámos milhares de anos por elas e por eles. E qualquer dia subo a escada da evolução que me ofereceram por escrever para ti e vou lá cima ter uma conversinha com esse grande senhor astro-rei e peço-lhe educadamente para girar ele à volta da terra, para ver se não se cansa como o planeta azul ou se consegue evitar o degelo!
Afinal de contas, como é que te correu o dia?