terça-feira, 23 de agosto de 2011

O barco partiu

Deixou em terra amarguras
Levou a paixão
Ainda não voltou
Na areia busco ternuras
Ao sal me estendo
E me entendo

Quem sabe de ti
A casa voltaste
Ainda agora te perdi
Se te cansaste
Deixa-me saber
Para te esquecer

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Rio salgado

Rio, rio de água salgada mesclada ao teu sabor original.
Deixaram de beber os vivos, mas dão-te a alma marinheiros distantes do seu sagrado mar.
Igual a tantos mares onde voam gaivotas e pairam ilhas, ilhéus e ilhotas, és rio salgado, rio amado e atraiçoado. Traiçoeiro.
Correntes fortes que nem vento levam os doces banhos a rodopiar em desencanto.
Do rio ao mar...
Para se perderem na bravura infinita de um sol poente, até desaparecerem...
Leva-me à tua fonte lá bem longe, num recanto da tua mãe montanha.
Dá-me a beber vida, deixa lá o teu destino para me vires beijar.
Prometo que hei de sempre te amar.



Tenho-te na calha.
Não numa prateleira a apanhar pó e caruncho.
Também, que não és de madeira.
Carne e osso e sangue quente, raio de verão temperado em chuva morna molhada.
Tenho-te na calha, a caminho da montanha-russa da vida.
Subiremos e desceremos em afectos e concordâncias, mas estaremos sempre de viagem.
Trazes-me no bolso da camisa, aconchegada, pequena, a espreitar com vista para um grande mundo, o teu. Tu és visão e eu sonho.
Visão de sonho, viagem, mundo para respirar.
E quando a dança parar, haverá sempre terra e mar para viajar.