sábado, 29 de maio de 2010

O fim(?)

Garras afiadas em desalinho e defesas em prédios agora em desconstrução para erguerem renovadas belas unhas da civilização. Profetas do caos. Pergunto o estarei aqui a fazer. Para que lado tombar se vida digna se presta a acabar ou a começar? Desistir? Parar? Parar para pensar. Mas como parar? Se alguém disse que parar é morrer, e não se pode desistir, é contra a natureza do jogo. Abrandar. Cada um segura o que pode. Uns agarram-se aos prédios, outros aos carros, alguns às árvores tombadas, às mãos estendidas de barcos no meio do turbilhão. Mas para eles, os profetas da solidão, tudo é em vão. Mais vale acabar com as ilusões, com o querer, com o poder. Sim, sobretudo com o poder, sede da corrupção. Deitar tudo abaixo. Fazer de novo, em nome da preservação! Contradição? Voltar às águas, às lamas, ao jogo do pau e da pedra, à lei da sobrevivência, pois mais não fazemos hoje do que subsistir. Mantermo-nos. A lei da igualdade? Para que serve a constituição se novas leis a derrubam sem gratidão? Deixar cair no lodo esta sociedade para que nasça outra sabe-se lá por onde e porquê. Mantermo-nos à tona. Prosseguir. Agarrar os sonhos e deixar os profetas da solidão ficarem um recanto para o nosso ser, só nosso, de paz e contemplação. Deixar continuar. Mudar as regras do jogo e mandar embora o demagogo - assim me calo. Não quero perder nem mais minuto deste perene desequilíbrio com o oposto como meta. Já que a vida não é recta, que cada um espere o que quiser. A espiral continua a erguer… Diga-se o que se disser.

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