segunda-feira, 19 de julho de 2010

À noite

Tudo a postos? As luzes já piscam antes da chegada dos convidados, a música, claro, a música espera-os para despertar numa bateria forte, forte e ritmada como o som dos tambores e dos terramotos e dos vulcões. Mas estes terramotos e vulcões ninguém teme. E eles chegam. Chegam aos grupos de três, sete, dez, às vezes mais, e vêm preparados, expectantes para a grande noite. A pista abre com a chegada do dj numa grande entrada triunfal de profusão de instrumentos e respiração profunda e inspirada. Os copos começam lentamente a baloiçar ao estilo da dança e os corpos movem-se descontraídos mas compenetrados na pressurização que a música lhes permite. Os ventres das mulheres revibram com a batida e os homens começam a despertar para os seus movimentos sensuais e rostos alterados em sorrisos entre o à vontade e o secreto de quem ouve a música à sua maneira. Os grupos dispersam-se e unem-se outra vez, vezes sem conta, e os bares estão cheios. Mesmo quem não bebe dança como se não houvesse amanhã. E será que há? Talvez não para todos. Mas hoje é dia de festa! E isso, sim, interessa. Mais um copo! Mais um brinde! E o calor aumenta, o som sobe e a dança torna-se una. Todos dançam ao mesmo ritmo, em estilos diferentes. Parece um ritual primitivo, talvez de acasalamento. Casais tocam-se e trocam olhares que cantam. E uma quebra no som permite respirar, novo mix, uma passagem, nova música e mais uma dança. Os corpos aguentam até o dj aguentar e, no fim, pedem sempre, sempre “Só mais uma!”. Se tudo correr bem, daqui a três quinze dias, volta a festa. E todos irão voltar.

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