quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O Quadro


Eu balanço no regaço do meu sonhar e me baloiças ao colo, anunciando a criança querida, enfim nascida, descendência das estrelas, que outrora fomos e que ainda guardamos no coração. Demonstras ramo de flores variadas e perfumadas como as cores e os humores da nossa humana condição e que são prova arrancada da nossa paixão. E tu olhas com respeito o céu, homenageando-o, buscando sua aprovação. Um barco de papel que flutua no mar em que me banho vestida de puro branco é carta de amor já lida e percorrida como a letra de uma canção, o cunho da promessa partilhada ao longo das horas. Talvez apenas a ilusão de que me pertence essa carta… E escondido nas flores, o espírito protege o observador e o amor da desilusão, guardião da mudança de estação, poeta de meu coração. Como lugar sagrado o sol num prado paradisíaco de mil sabores e mais as cores das flores. E flores, outras, sobem em coroa ao céu nas mãos devotas de quem acredita que da alma há sempre mais para viver, mesmo que sem se ver. Asas de anjo dão alento ao meu triste olhar que se perdia em dores por quem perdi, até que chegasses para me fazer compreender, finalmente, que o amor vem mais uma vez. És quadro inacabado, sinal de aviso prudente que a vida somos nós quem a pinta. E, lá ao cimo, talvez não tão próximos, os montes adensam-se alegres e fantásticos em êxtase, por ter finalmente chegado a hora dos corações.

Sem comentários: