domingo, 10 de abril de 2011

Amor de monção

Soprava um vento morno quando tu prometeste que me chamavas na volta de um dia em que o tempo fosse fora de estação. Vivia-se então a era da música cheia de emoção.


Naquela paz que habita as paisagens do deserto de tanta areia como de devoção, fui jovem e ingénua e velha e sábia do teu lado. Não houve momento em que não me perdesse, prendesse e aprendesse. No meu tom canto agora, ao teu ritmo tocas por certo e por perto, como antes de a nossa música ter ao céu chegado e nele entrado. Ficámos então ditos livres, mas despidos um do outro.


E veio o choro então calado, agora em vidas que renascemos. Sorrio a que voltes em dia de monção digna de menção, e nesse me reconheças. Chova alegria nos campos, cresçam flores na palma da minha mão. Depois dessa tempestade desigual, desperte o sol que te brilhou pela primeira vez.


Foram horas e minutos em que não senti solidão, apenas restos de cansaço à espera da aurora. Estendi a mão ao destino, que sempre me pareceu antigo, e levantei a minha oração. Que saudade de receber uma vida de benção. Venham as noites que novos dias darão. Haja chuva ou vento de verão, cedo ou tarde dançaremos.

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