terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A(o)bcecar

Abro esta página solta com vontade de a voltar a fechar. Hoje, não há verso que eu deseje verdadeiramente declamar, nem conto nem voz para me alegrar. Para quem me lê, nestas letras que matam árvores que dão vida, a vida que eu não tenho, eu só quero confessar, sou mais uma alma por aí a vaguear. E este estar não tem nada a afirmar, só chega de vez em quando para me atormentar. E se um poema fosse ar para um fogo me incendiar e me levar, e houvesse outra forma de falar neste lugar… Se alguém me quiser acreditar, há quem viva e quem se limite a durar e eu que não tenho nome a condizer para acrescentar. Por muitas voltas e voltas que dê, na minha vida não vai ninguém entrar para me conquistar. Sou só eu com uma voz que já não sabe cantar nem tão pouco amar… Ninguém me vem buscar para dançar enquanto a música não parar de tocar. E ao fim da noite sou eu que apago a luz e fico de pé à janela a ver outro dia despertar. Para quê esperar? Nesta casa vazia houve em tempos alguém que sabia pintar. E eu que não sei melhor que imitar, linha após linha, o mesmo soar… Já me tentei matar mas houve quem aparecesse á última hora para me salvar, e para o meu ou seu karma limpar, só que deste sentir não há quem me possa tirar. E se eu me quiser pisar, ninguém vem para me ralhar. Algo em mim ainda quer lutar e não há ninguém a observar para me declarar como quem quer derrotar este lugar. Angustiar é outro verbo que posso usar neste mar onde não há navio a passar, numa noite sem estrelas ou luar. Há de passar… e se não, nada mais tenho a declarar. Vou, então, esperar a minha hora chegar, pois não há céu nem inferno para me assustar. Esta terra é um eterno purgatório e não há via fácil por onde caminhar ou como escapar. Pelo menos, existem sempre pessoas felizes que eu posso admirar. E eu, que tenho para dar? Olho com vagar os pássaros a voar, a buscar algo a que aspirar, outros no ninho a chilrear, mas não entendo o seu palrar nem poderei saber que histórias têm para contar. Há quem tenha um sonho a domar. E eu tenho de esperar porque um dia a sorte pode mudar e este verso ganhar outra imaginação com que rimar. E eu aqui vou ficar até me animar. Talvez você me possa aconselhar, se por telepatia puder comunicar. O luar já se quer mostrar e eu preciso de parar e deixar o meu pensar descansar… Amanhã haverá outro dia a vingar e eu cá estarei para o aceitar. Mas não me vou sem lhe desejar o melhor antes de me ir deitar, fique bem e não se esqueça de me olvidar se este meu eu o perturbar.

3 comentários:

MISS PU disse...

não perturba nada amiga.

a vida é um purgatório sim, mas nós cá estamos para a modificar, ou para lhe dar a forma que desejamos. temos esse poder. ou pelo menos tentar.

xxx muitos

Joana Anahory disse...

Pu, escrevi este texto há já algum tempo e estava em bastante mau estado. Sabes quando a neura paira como uma nuvem...? Lol. E foi isto que saiu. Para que não se preocupe, saiba que só o pus porque acho que até está engraçado, e que vejo a vida cheia de possibilidades ;) Beijos e obrigada por leres e comentares.

Raquel Bramao disse...

uff! quando li sobressaltei, pensando que era actual e temi, agora sei que é antigo fico mais descansada.
Bjo