quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

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Aproximações. Ventos que se atraem, se tocam, girando a norte, cruzando-se com o destino de uma vela. Mas para onde leva o vento essa vela? Para longe do calor do dia… Para um amanhã que ao hoje pouco diz? Relações. Fachadas de prédios em constante reconstrução. Interiores em eterna remodelação. Não há obra que perdure, cal que não estale, telhado que não pingue, e tu e eu, betão ou gaiola pombalina, tão distantes entre si, em estranha convivência. Mas a cidade é mesmo assim. Por muito que se faça, haverá sempre mais trabalho a fazer. Não, nada é eterno. Nem o calor das tuas mãos nas minhas. Nem o gelo nas minhas agora quentes. Nem o brilho nos teus olhos hoje, como ontem. Placas tectónicas em movimentação. Cúmplices, semelhantes, em atrito. Porque disputam em silêncio? Sal e pimenta a boiar no mar da imensidão das oportunidades que a vida nos dá, mas que todas leva nas correntes, nas fortes e nas leves. Assim somos. Fugazes. Separados à nascença. Unidos pela vontade. Mas de quem?

2 comentários:

Mónica disse...

Fantástico, como sempre. Talento inato na construção das imagens! U go girl!!

Raquel Bramao disse...

Concordo plenamente! Obrigada por mais esta viagem sem sair do sofá.
bjos