segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Saber a mar

“Se queres aprender a rezar, vai para o mar.” Provérbio

Sei de cor a cor do teu nome. Desenhei-o, escrevendo-o vezes sem conta em letras redondas, numa letra que só quem escreveu sabe ler, nas linhas do horizonte, na pauta das ondas a quebrar e da maré a vazar e a encher, numa vela imaginária que cacei hoje e ontem para amanhã não te esquecer quando acordar. Dei nós que fiz e desfiz e voltei a fazer para uma manta de retalhos que me vai aquecer nas horas da espera para te ver... Dou-te poemas de amor que são gotas de um oceano que na noite escura mergulham em turbilhão nas notas de um grito de espuma que me leva a navegar além do vento e da dor. Ao longe, outras paisagens suspiram, balançando entre mim e a sombra tua já ida com o passar do navio que partiu para novas margens atracar. E neste mar em que te perdeste quando te perdi, e no sol e sal que eu quero de volta para me sentar na areia fina e sentir nas minhas mãos como em tempos a ti, não há pirata que descubra nas ilhas da saudade vestígios de que sofreste quando te vi partir. Há-de vir um mar chão capaz de dobrar esta tormenta que faz o teu nome pairar como neblina cerrada no céu da minha solidão. E depois da sétima onda, não restará gaivota em terra ou marinheiro perdido com medo do castigo que os audazes levam do mar e, quem sabe, te chegue a mensagem que há muito embarquei na garrafa da esperança de te reencontrar e contigo ficar. O teu nome, o teu nome é azul. De um azul tão cristalino como os mares do sul. E eu… Eu só quero ser o verde que te espera no fundo de uma planície, no topo de uma montanha, a cada entardecer.

1 comentário:

Mónica disse...

que saudades que tinha de ver a minha alma traduzida nas tuas palavras... Parabéns!